Todos sabemos que o sertanejo é geralmente ligado à imagem do homem cis, heteronormativo e branco. Isso é visível na estética, nas letras de música e até nas atitudes dos cantores. Mas nem tudo está perdido!
O sertanejo prova que consegue evoluir e acompanhar a mentalidade de seu tempo com o surgimento de um novo estilo: o queernejo, que impulsiona o protagonismo a pessoas de diferentes gêneros e identidades. Um desenvolvimento necessário, que traz excelentes artistas LGBTQIAPN+ para o gênero musical mais ouvido no Brasil.
Principais artistas do queernejo
E é claro que a gente não ia deixar os talentos do queernejo passarem despercebidos por aqui! Fizemos uma seleção especial com um pouco de cada artista para você descobrir, curtir e compartilhar!
Gabeu
Gabeu é filho do Solimões, da dupla Rionegro & Solimões. Apesar de ter crescido no sertanejo e desde pequeno mostrar talento para a música, chegou uma hora que Gabeu não se identificava mais com os artistas do estilo.
Com o tempo, ele foi desenvolvendo seu trabalho e lançou, em 2019, a música “Amor rural”, dirigiu seu próprio clipe e lançou o refrão contagiante:
Vamo’ assumir o nosso amor rural
Sai desse armário e vem pro meu curral
Como ‘nós nunca se viu
Duas potrancas no cio
Num cruzamento adoidado
O vídeo conta com mais de 1 milhão de visualizações e o álbum “Agropoc” foi indicado ao Grammy Latino de 2022. Gabeu mostra que brincos, maquiagem e cabelo rosa podem sim combinar com chapéu de cowboy, calça jeans e fivela.
Confira um dos seus últimos trabalhos, o belíssimo clipe da música “Lance aberto”:
Reddy Allor
Reddy Allor é a Drag Queen do sertanejo que entrega performance, voz, estilo e muita criatividade nas suas canções. Se delicie no fogoso clipe “Laço”, dela com Diego Martins. Ao som de um beat empolgante, tem história, tem boys, tem drags, tem dança e excitação no celeiro.
Destaque para o look de animal print da Reddy e corpete de couro, cabelão ruivo e bota over the knee combinando. Você não vai resistir a esse som! E a gata já avisa: “Eu vou te enrolar no meu laço / Tu tá na minha mão / Agora vai virar meu gado”:
Gali Galó
Gali Galó é artista não “binárie, cantore e compositore” que vem da cidade de Ribeirão Preto no interior (machista, heteronormativo e homofóbico) de São Paulo. Ao misturar a viola caipira e sonoridades indie, Gali traz um novo ar de autenticidade ao sertanejo.
Um dos seus últimos hits “Três passinhos da derrota” é o sertanejo com clima de decadência de bar. Quem nunca bebeu e ficou com vontade de ligar praquela pessoa? Essa canção tem um ritmo irresistível, sério, é difícil ouvir só uma vez. E que carisma, hein, Galó?!
Zerzil
Uma das passagens obrigatórias no estilo é Zerzil, artiste não binárie de Montes Claros (MG). Apesar de já ter feito sua despedida do Queernejo, Zerzil lançou em 2023 um álbum exatamente com esse nome. Nele, tem sertanejo e outras brasilidades, além de sonoridades pop e parcerias, como a da música “Cê tá de Brincadeira, Né?” com Sabrina Angel.
O clipe tem um clima todo gótico, dark, vampiresco, além de um final surpreendente. Vale a pena conferir!
Sabrina Angel
Sabrina levanta as hashtags #dragnejo e #queernejo no seu canal do Youtube. A Drag Queen tem uma voz autêntica e muito gostosa de se ouvir. Uma das suas canções mais conhecidas é “Vídeo chamada”, e retrata aquela sofrência que já conhecemos bem.
Com seu chapéu de rosa brilhante e franjas, ela canta: “Só de te ver dá vontade de chorar / Mas eu já sei aonde isso vai chegar / A nenhum lugar”.
Tertuliana
Para fechar com chave de ouro, a incrível Tertuliana, travesti, cantora e compositora. A gata também é mestranda e escritora, autora do livro “Manifesto traveco-terrorista”. Se você ainda não tá seguindo essa multiartista nas redes sociais, tá esperando o quê, bicha? Vai agora!
Na canção “Sertransneja”, que faz parte do álbum de mesmo nome, ela conta sua história, fala das travestis, do sertão, com sonoridades sertanejas, nordestinas, pop e uma incrível direção artística da própria Tertuliana no clipe:
E aí, gostou de conhecer esses artistas? Quem mais merece estar nesta lista? Que estejamos cada vez mais familiarizados a trazer para o sertanejo algo que tanto ainda lhe falta: diversidade.
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