50 anos de hip hop: top 10 melhores álbuns de rap para curtir no aniversário do movimento
Thaíde é preciso em “Senhor Tempo Bom”, quando canta: “Seja dançando break, ou um DJ no scratch, mesmo fazendo graffiti, ou cantando rap”. O rapper paulista resume assim, em poucas palavras, os quatro elementos fundamentais do hip hop, estilo que completa 50 anos em 2023.
Reza a lenda que, em 11 de agosto de 1973, essas mesmas quatro manifestações artísticas – break, scratch, grafitti e rap – se encontraram pela primeira vez. Nesse dia, o jamaicano DJ Kool Herc usou dois toca-discos para dar mais vida às batidas da bateria durante uma festa organizada pela irmã dele, Cindy, no subúrbio do Bronx, em Nova York.
As pessoas que se divertiam na pista talvez nem se deram conta de que foram testemunhas do nascimento das batidas que seriam a base para a dança break e para a poesia falada do rap (o graffiti orientava a linguagem visual do movimento).
Nesse meio século, o hip hop saiu do Bronx e se tornou um dos estilos mais populares do mundo. Hoje ele é cantado em praticamente todas as línguas e integrado ao rock, pop, samba, K-pop, EDM, enfim, o que a criatividade permitir.
Hip hop: álbuns clássicos de artistas como Nas, Racionais MC’s, Eminem, De La Soul, N.W.A., Wu-Tang Clan e Missy Elliott
Para celebrar os 50 anos do estilo, a Deezer selecionou os 10 melhores álbuns de hip hop de todos os tempos. Eles foram selecionados por sua inovação, importância histórica ou até mesmo pela popularidade que alcançaram. Que tal escutar cada um deles enquanto você lê este texto? Toca hip hop, Deezer!
THE SUGARHILL GANG, THE SUGARHILL GANG (1980)
O Sugarhill Gang fez história com a música “Rapper’s Delight”. Com a faixa, o grupo emplacou pela primeira vez uma música de hip hop no top 40 da Billboard.
O estilo ainda engatinhava. O rap ainda não era um gênero muito popular no fim dos anos 1970. Era um fenômeno conhecido apenas em alguns lugares de Nova York, onde inicialmente só era tocado em festas. Ninguém pensava em ganhar dinheiro com isso.
Sylvia Robinson, da gravadora de hip hop nova-iorquina Sugar Hill Records, pensava o contrário. Um a um, ela começou a reunir rappers de diferentes cantos.
O termo hip hop foi cunhado por Lovebug Starski e Furious Fives Keith Cowboy, mas ainda não era muito usado. A primeira vez que Wonder Mike, da Sugarhill Gang, ouviu a palavra hip hop foi da boca de seu primo.
Isso lhe deu a ideia para a famosa frase de “Rapper’s Delight”: “I said a hip hop the hippie the hippie to the hip hip hop and you don’t stop”, um clássico que levou o estilo para a boca do povo.
N.W.A., STRAIGHT OUTTA COMPTON (1988)
Straight Outta Compton, o primeiro álbum de estúdio do grupo americano de hip hop N.W.A, é considerado o disco inspirador do gangsta rap, com seus onipresentes palavrões e letras pesadas. Esse foi o único lançamento do grupo com o rapper Ice Cube, antes de sua saída em 1989.
Straight Outta Compton redefiniu a direção do hip hop, resultando em letras sobre o estilo de vida gangster que se tornou a força motriz das vendas. É um dos mais influentes discos de hip hop e teve um grande impacto na evolução da música e da cultura mainstream.
DE LA SOUL, 3 FEET HIGH AND RISING (1989)
É triste que o rapper Dave Jolicoeur, também conhecido como Trugoy the Dove, não tenha sobrevivido para ver isso. Menos de três semanas após sua morte prematura (com apenas 54 anos), os primeiros trabalhos de seu grupo, De La Soul, foram disponibilizados on-line após anos de confusão por conta de direitos autorais.
Entre eles está o álbum 3 Feet High and Rising, um disco inovador não só no hip hop, mas na música pop em geral.
A estreia do De La Soul aconteceu em um momento em que o hip hop estava se tornando radical. De Los Angeles, vinha o rap gangster brutal do N.W.A.; de Nova York, o rap fortemente político do Public Enemy; e, de Amityville, Long Island, vinha o De La Soul.
Esse disco traz uma versão mais amigável, mas nada inferior, do hip hop. Sao músicas cheias de samples usados de forma criativa e letras muitas vezes engraçadas, doces e divertidas.
WU-TANG CLAN, ENTER THE WU-TANG (36 CHAMBERS) (1993)
Enter the Wu-Tang (36 Chambers) é o primeiro álbum de estúdio do grupo americano de hip hop Wu-Tang Clan. O disco foi produzido pelo líder de fato do grupo, RZA.
O som corajoso e característico de Enter the Wu-Tang (36 Chambers) criou um modelo para o hip hop hardcore na década de 1990 e ajudou a trazer o hip hop da cidade de Nova York de volta à proeminência nacional nos EUA.
Sua influência abriu caminho para vários outros artistas de hip hop da Costa Leste norte-americana, incluindo Nas, The Notorious B.I.G., Mobb Deep e Jay-Z.
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NAS, ILLMATIC (1994)
Illmatic é o primeiro álbum de estúdio do americano Nas, considerado o rapper predileto dos… rappers. Desde sua recepção inicial, Illmatic foi reconhecido pela crítica musical da época como um marco do hip hop da Costa Leste dos EUA.
Estilizado como um álbum de hip hop hardcore, Illmatic apresenta histórias do centro da cidade baseadas nas experiências de Nas em Queensbridge, Nova York. Não deixe de escutar as clássicas “Life’s a Bitch” e “N.Y. State of Mind”.
THAÍDE & DJ HUM, PRESTE ATENÇÃO (1996)
“Que tempo bom, que não volta nunca mais”. Não há no Brasil ninguém que tenha ido a uma festa ou balada na década de 1990 e não tenha dançado e cantado esse refrão.
Ele faz parte da faixa “Senhor Tempo Bom”, mais uma entre as diversas clássicas que integram o álbum de hip hop Preste Atenção, sexto disco de Thaíde & DJ Hum.
Uma verdadeira viagem no tempo pela infância e adolescência de Altair Gonçalves (nome de batismo do rapper Thaíde) na periferia de São Paulo, a música mexe com sentimentos nostálgicos de um passado cheio de boas recordações. São lembranças sobre as raízes africanas, os bailes, a moda, a dança break, os anos 1970 e a transformação que o hip hop causou na cultura brasileira.
Mas não pense que Preste Atenção seja disco de uma faixa só. O álbum traz também “Malandragem Dá um Tempo”, “Mó Treta” e a poderosa “Afro Brasileiro”.
MISSY ELLIOTT, SUPA DUPA FLY (1997)
As definições de rap feminino sempre foram limitadas. Ou você era uma garota malvada ou uma gatinha sensual. Mas a rapper americana Missy Elliott mudou isso com seu álbum de estreia, Supa Dupa Fly.
Baseando-se em suas sensibilidades musicais como produtora, Missy e seu amigo Timbaland criaram uma visão completamente inovadora do hip hop. Cada música, desde a sexy “Sock It 2 Me” até a melancólica “Beep Me 911”, é única e imprevisível. Só ouvindo mesmo.
Esse álbum de hip hop ainda conta com a participação de outras duas rappers da pesada: Aaliyah, em “Best Friends”, e Lil’ Kim, em “Hit Em Wit Da Hee”.
RACIONAIS MC’S, SOBREVIVENDO NO INFERNO (1997)
Sobrevivendo no Inferno, dos Racionais MC’s, pode ser considerado um marco na música brasileira, tendo se tornado o álbum de rap nacional mais vendido no país – além de ter se tornado um livro depois.
Suas letras sobre a dura realidade das periferias influenciaria não apenas o estilo no Brasil, mas também toda uma geração de jovens de comunidades violentas.
O sucesso comercial de Sobrevivendo no Inferno colocou na boca de todas as classes sociais seu grande carro-chefe, “Diário de um Detento”. O desafio era cantar inteirinha a longa letra desse clássico – e olha que tinha muita gente que conseguia.
EMINEM, THE MARSHALL MATHERS LP (2000)
Lançado um ano após The Slim Shady LP, The Marshall Mathers LP, o terceiro do rapper Eminem, apresenta um lirismo mais introspectivo, incluindo a reação dele à repentina ascensão à fama e a controvérsia em torno de suas letras.
Musicalmente, esse álbum, produzido por Dr. Dre e Eminem, se concentra nos subestilos horrorcore e hardcore do hip hop.
E, como toda a obra anterior, The Marshall Mathers LP foi cercado por muita polêmica.
O primeiro single do álbum, “The Real Slim Shady”, se tornou o maior sucesso de Eminem até hoje, ganhando notoriedade por tirar sarro de figuras da cultura pop daquela época, como NSYNC, Britney Spears, Christina Aguilera e Will Smith.
KANYE WEST, MY BEAUTIFUL DARK TWISTED FANTASY (2010)
My Beautiful Dark Twisted Fantasy é o quinto disco de estúdio do rapper e produtor norte-americano Kanye West, hoje conhecido apenas por Ye.
Tematicamente, My Beautiful Dark Twisted Fantasy explora o status de West como celebridade, a cultura de consumo e o idealismo do sonho americano. Ou seja, assunto de sobra.
Os vocalistas convidados para o álbum incluem Bon Iver, Jay-Z, Pusha T, Rick Ross, Kid Cudi, Nicki Minaj, John Legend e Raekwon.
Escute também outros clássicos de R&B na Deezer.
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