Dia do Folclore: entenda como a música permeia as celebrações desta importante data da cultura nacional

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O Dia do Folclore é uma data para lembrar a riqueza da cultura brasileira nas suas manifestações mais singulares. Seja na literatura, nas artes plásticas ou na música, o folclore brasileiro reúne símbolos e ícones da nossa cultura em grandes celebrações pelo país todo.

Foi a partir de 1965 que o dia 22 de agosto passou a ser oficialmente o Dia do Folclore, buscando dar visibilidade a esse conjunto de práticas sociais e culturais. Contribuindo para a construção das diversas identidades culturais do país, o folclore une o Brasil com seus ritmos e cores.

Do Bumba Meu Boi e do Carimbó à Congada e às Festas Juninas, música e dança são presença certa nessas celebrações. Pensando nisso, a Deezer preparou esse artigo com algumas das festas, gêneros e tradições onde as músicas do folclore são as grandes protagonistas.

Bumba Meu Boi

Originário das regiões Norte e Nordeste, o Bumba Meu Boi (também chamado de Boi-bumbá) é um conjunto de manifestações artístico-culturais do século XVIII que mescla influências religiosas, indígenas e africanas. Trazendo componentes da dança, da música e do teatro, reúne em suas celebrações (chamadas de “brincadeiras”) uma mística de cores e símbolos.

Inspirada no “Auto do Boi”, a lenda do casal de escravizados Pai Francisco e Mãe Catirina que matou o boi mais lindo da fazenda, o Bumba Meu Boi encena a ressurreição desse animal poderoso. Além de contar uma história, a celebração inspira-se na mitologia e na ancestralidade que via esse animal como um símbolo de divindade.

Suas diferentes versões, chamadas “sotaques”, fazem parte dos eventos que enchem de alegria o Maranhão e outros estados brasileiros durante o mês de junho. Tocando músicas do folclore brasileiro, instrumentos como zabumba, matraca, cavaquinho e triângulo criam os ritmos mais icônicos dessa festa, como “Bela Mocidade” do grupo Bumba-Meu-Boi De Axixa.

Congada

Uma manifestação ancestral, a Congada é inspirada nos cortejos reais do Congo, com referências à religiosidade e ao cristianismo. É uma celebração afro-brasileira que carrega um grande simbolismo na história das pessoas pretas escravizadas. Registrada pela primeira vez em Pernambuco, hoje essa celebração folclórica está muito presente na região Sudeste.

Em procissão, os grupos saem pelas ruas lembrando as cerimônias do século XVII que homenageavam a nobreza negra em contraponto à colonização. Com canto e batuques característicos, os ritmos da Congada acompanham um animado cortejo coreografado. Durante a passagem do grupo, seus integrantes dão um verdadeiro show de habilidades com os chamados “paus-de-fita”.

Na Congada, a performance é acompanhada por músicas típicas que também inspiraram artistas como Clara Nunes, intérprete da canção “Congada“. Pandeiro, sanfona, cuíca e reco-reco fazem o compasso dos grupos que saem para celebrar essa grande festa com seus estandartes. Os festejos geralmente ocorrem nas festas de santos padroeiros, como São Benedito.

Frevo

Talvez a mais animada das músicas do folclore, o Frevo é também um símbolo de Pernambuco. Com alegria e animação incomparáveis, essa dança folclórica é inspirada nos movimentos da capoeira, tendo suas origens nos movimentos de luta e resistência dos povos escravizados.

Em 2012, o Frevo foi reconhecido como uma manifestação artístico-cultural do Patrimônio Imaterial da UNESCO. Além disso, conta atualmente com mais de uma centena de passos diferentes catalogados, dividindo-se em três tipos de dança: o de rua (instrumental e acelerado), o de bloco (mais lento e poético) e o canção (acelerado e cantado).

Faixas como “Frevo Mulher”, de Zé Ramalho, eternizaram esse legado do folclore brasileiro na música. As composições feitas para os festejos do Frevo não só foram incorporadas à música popular brasileira, mas também fazem parte da história nacional da folia de rua e da música nordestina. É uma tradição rica que vai além dos emblemáticos guarda-chuvas, sendo um símbolo de resistência popular.

Maracatu

Assim como o Frevo, o Maracatu também é uma das manifestações mais representativas da cultura do país e das músicas do folclore brasileiro. Com origem em Pernambuco, seus primeiros registros datam do século XVIII, com danças e ritmos que unem a tradição e a memória africanas, indígenas e colonial.

Declarado patrimônio imaterial em 2014, o maracatu conta com duas vertentes: Nação e Rural. A primeira, considerada a mais antiga, inspira-se nos cortejos reais e inclui referências religiosas com personagens míticos e vestimentas simbólicas. Já o Maracatu Rural nasceu no século XIX na Zona da Mata nordestina e incorpora as vestimentas volumosas e coloridas usadas pelos caboclos de lança (guerreiro que traz uma lança).

Em relação ao som, os instrumentos de percussão são os protagonistas, evocando ritmos ancestrais com alfaias, ganzás e gonguês. “Maracatu Atômico”, do cantor olindense Chico Science, é um exemplo de como o Maracatu e suas batidas revolucionaram a música dos manguezais pernambucanos e o folclore nacional.

Catira

Presente no interior das regiões Centro-Oeste e Sudeste, a Catira (Cateretê) surge como um ritmo característico das festas dos santos católicos a partir do final do século XVI. Ao som da viola, um grupo dança uma espécie de sapateado, ou bate-pé, para acompanhar a letra que fala sobre temas do cotidiano.

A dança da Catira foi fortemente influenciada pelas coreografias em roda das típicas danças portuguesas. O arranjo, por sua vez, traz viola caipira, violão e sanfona para compor uma melodia animada e compassada. As letras apresentam versos cadenciados que falam de temas da realidade rural e do dia a dia no interior.

Lembrando a formação das companhias de tropeiros e sertanejos do passado, os grupos de Catira costumavam ser formados somente por homens. No entanto, a Catira tem sido renovada por diversos grupos no país todo, democratizando o movimento para todes que queiram dançar esse ritmo do folclore brasileiro. Para entrar na dança, ouça “Patuá de Catireiro” de Fernando Basso e Renato Strada.

Carimbó

O Carimbó é a cara do Pará, sendo bastante popular nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Seu nome vem do curimbó, um tipo de tambor indígena que marca o compasso desse estilo musical. Sua data de origem é incerta, mas o primeiro registro desse instrumento foi feito pelos jesuítas no século XVIII.

Além de levar o nome do seu principal instrumento, o Carimbó combina passos típicos de danças africanas, indígenas e ibéricas. Após uma longa jornada de trabalho, pescadores e agricultores dançavam o Carimbó, com letras que também descreviam cenas do cotidiano.

Dançada em pares e em roda, o Carimbó também chama atenção pelas roupas típicas. São saias amplas, rodadas e coloridas, além de vestimentas que lembram as roupas de trabalho da época. Artistas como Pinduca, o Rei do Carimbó, mantêm essas músicas do folclore brasileiro vivas, além de trazer influências tipicamente latino-americanas. Para conhecer, ouça a faixa “Dança do Carimbó”.

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