Valor artístico, importância histórica, maior número de ouvintes. São muitos os critérios para escolher os melhores álbuns brasileiros de todos os tempos. Tarefa difícil, ainda mais para um país com uma musicalidade tão única, rica e prolífera como o Brasil.
Mas preparamos com muito carinho esta breve seleção de discos da nossa música que continuam ressoando, independentemente da época, no coração de milhares de pessoas ao redor do mundo. Vamos falar sobre diferentes movimentos musicais no Brasil, além de uma seleção especial por década. Prontos? Vamos nessa!
OS 10 álbuns mais influentes da música brasileira
Nesta lista, vamos falar de álbuns que abriram portas para novos estilos, tendências e que, por diversas razões, ficaram marcados na História. São clássicos que influenciam até hoje os jovens artistas e que continuam encantando os ouvintes.
Se você nunca ouviu algum desses discos na vida, considere-se uma pessoa de sorte. Afinal, o momento de descobri-los pela primeira vez é simplesmente maravilhoso. Dê o play e aproveite!
1 – Clube da Esquina – Milton Nascimento e Lô Borges (1972)
O Clube da Esquina foi um dos movimentos mais importantes da história da música popular brasileira. Ele reuniu os gigantes Milton Nascimento, Lô Borges, Márcio Borges, Beto Guedes, Wagner Tiso, Toninho Horta, Flávio Venturini, dentre outros artistas incríveis.
Com a fusão de bossa nova, jazz, rock, música regional mineira, música folclórica e outros estilos, eles trouxeram uma sonoridade inovadora para a época. Com o álbum Clube da Esquina, atingiram o patamar máximo. É nele que estão grandes clássicos, como “Cais”, “Tudo Que Você Podia Ser”, “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, “Nada Será Como Antes”, “O Trem Azul” e “Clube da Esquina nº 2”.
A capa com os dois meninos sentados à beira da estrada é icônica! Além disso, esse disco faz parte da lista dos 10 melhores discos do mundo da revista estadunidense Paste Magazine. Imperdível, não é mesmo?
2 – Acabou Chorare – Novos Baianos (1972)
Misture rock, bossa nova, baião, MPB e samba e você terá o grupo Novos Baianos. No disco Acabou Chorare, fica nítida essa mistura, que traz influências de Jimi Hendrix, Assis Valente e João Gilberto.
Esse disco é um dos álbuns famosos do grupo por trazer os clássicos “Brasil Pandeiro”, “Preta Pretinha”, “Besta é Tu” e “Tinindo Trincando”. Até hoje, é uma obra que influencia gerações de cantoras brasileiras reconhecidas, como Marisa Monte, Vanessa da Mata, Roberta Sá, Céu e Mariana Aydar.
3 – Tropicália ou Panis et Circenses – Diversos artistas (1968)
Em 1968, tivemos um dos melhores álbuns brasileiros de todos os tempos. Tropicália ou Panis et Circenses é uma obra de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé. Eles foram acompanhados pelo maestro Rogério Duprat e pelos poetas Capinam e Torquato Neto.
A obra é um manifesto musical do movimento Tropicalismo, ou Tropicália, que misturou cultura pop nacional e estrangeira, correntes artísticas de vanguarda e, claro, política. Destaque para as impressionantes canções “Lindonéia”, “Baby” e “Mamãe coragem”.
4 – Chega de Saudade – João Gilberto (1959)
Uma das obras mais marcantes da música brasileira é o álbum de estreia de João Gilberto. Chega de Saudade é um dos marcos do nascimento da bossa-nova. Com sua voz singular e seu jeito autêntico de tocar violão, João abriu o caminho para todos os cantores-compositores como Djavan, Caetano Veloso, Gilberto Gil, e por aí vai.
Desde 2001, foi colocado no Grammy Hall of Fame e foi um dos membros inaugurais do Hall da Fama do Grammy Latino. A faixa-título que abre o disco é uma parceria de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, que formam com João Gilberto o trio de base da Bossa Nova e, consequentemente, da canção brasileira moderna.
5 – Construção – Chico Buarque (1971)
O teor político de Chico Buarque ficou evidente em Construção, álbum que o artista lançou entre o exílio na Itália e sua volta ao Brasil. Carregado de críticas ao regime militar da época, Chico traz temas como censura, problemas sociais, além de canções clássicas e pessoais. Foi um dos álbuns famosos pela ousadia do artista em meio à ditadura.
Destaque para a canção-título do álbum, “Construção”, um dos arranjos mais impressionantes da música brasileira. Ainda no mesmo disco, “Cordão” é um verdadeiro hino de resistência: “Ninguém vai me acorrentar, enquanto eu puder cantar, enquanto eu puder sorrir”. Ela faz parte da trilha sonora da peça Roda viva, escrita pelo próprio Chico.
6 – A Tábua da Esmeralda – Jorge Ben Jor (1974)
Em qualquer lista de melhores álbuns brasileiros você encontrará A Tábua da Esmeralda, de Jorge Ben Jor. O artista tem um estilo característico por misturar diversos gêneros musicais, como rock, samba, samba rock e maracatu, e letras bem humoradas. Não à toa, é considerado um dos artistas mais incríveis do Brasil.
O disco da lista é o 11º álbum de estúdio da carreira e traz músicas conhecidas, como “Os Alquimistas Estão Chegando os Alquimistas” e “Menina Mulher da Pele Preta”. Além disso, o disco conta com um belíssimo coro de cantoras. Jorge Ben é simplesmente um gênio do groove, da batida no violão, da criação de uma atmosfera contagiante e emocionante. Ouça sem dó do começo ao fim.
7 – Secos & Molhados – Secos & Molhados (1973)
Secos & Molhados é o álbum de estreia do grupo homônimo e encabeçado por Ney Matogrosso. Em tempos de ditadura, a banda trouxe muitas críticas ao regime. “Sangue Latino” e “O Vira” foram algumas das melhores músicas do Brasil à época.
Mas nada se compara à inovação que a banda trouxe ao propor a maquiagem na capa, que remete ao glam rock, e o desenvolvimento de gêneros pouco explorados por aqui, como o pop psicodélico e o folk.
8 – Os Mutantes – Os Mutantes (1973)
Seguindo na toada da Tropicália, Os Mutantes revolucionaram o rock psicodélico e experimental no Brasil. Eles marcaram presença na estreia tropicalista, o III Festival de Música Popular Brasileira.
No disco de estreia homônimo, temos os clássicos “Minha menina”, “Bat Macumba” e “Panis Et Circenses”. Marcado pelo experimentalismo, ruídos, mudanças de ritmo e guitarras distorcidas, também nota-se grande influência dos Beatles.
9 – Da Lama ao Caos – Chico Science & Nação Zumbi (1994)
Fugindo um pouco da tradicional MPB, temos aqui um dos melhores álbuns brasileiros de todos os tempos: Da Lama ao Caos, de Chico Science & Nação Zumbi. Esse disco marca Recife como um dos grandes polos culturais do país na música urbana midiática.
Esse clássico da música do Brasil trouxe canções enérgicas e um som revolucionário que manda psicodelia, funk rock, maracatu, música afro e embolada. Algum palpite sobre essa mistura? É a inauguração da cena Manguebeat!
10 – Sobrevivendo no Inferno – Racionais MC’s (1997)
Um dos mais importantes álbuns do rap do Brasil é também um dos melhores discos da música brasileira. Dentre as letras que discutem desigualdade social, racismo e miséria, destacam-se “Diário de um Detento”, “Fórmula Mágica da Paz” e “Mágico de Oz”.
Sobrevivendo no Inferno, o quarto álbum de estúdio dos Racionais MC’s, foi entregue inclusive ao Papa Francisco quando o então prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o visitou no Vaticano. Também já foi leitura obrigatória em vestibular e virou livro. A capa com a cruz em fundo preto é icônica.
Álbuns brasileiros mais importantes de cada década
E agora vamos fazer uma viagem musical no tempo e relembrar de álbuns maravilhosos que marcaram cada década no Brasil. E, para isso, vamos dos anos 1960 até agora, os anos 2020. Segura, coração!
Anos 1960
Os anos 1960 foram uma década de revolução musical no Brasil. Era um período de efervescência política e cultural, e a música refletia isso. A bossa nova, que surgiu no final dos anos 1950, dominava o começo da década, mas logo o tropicalismo apareceu com sua mistura ousada de MPB, rock psicodélico e elementos da cultura pop.
Enquanto isso, o samba seguia se reinventando e os festivais de música eram palco para novos talentos como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil. O Brasil vivia um tempo de tensão com o golpe militar em 1964, mas a música resistia e se tornava cada vez mais uma forma de protesto e expressão de liberdade.
Coisas – Moacir Santos (1965)
Coisas é uma obra-prima à frente do seu tempo. Moacir Santos, com seu talento incrível como arranjador e compositor, criou um disco que transcende categorias, misturando jazz, música erudita e ritmos brasileiros.
“Coisa No. 5″ é uma das faixas mais emblemáticas, com uma harmonia complexa e ao mesmo tempo irresistível, enquanto ”Coisa No. 8″ mistura ritmos afro-brasileiros com uma sofisticação única. O álbum é quase uma aula de composição e foi revolucionário ao expandir os limites da música brasileira para além do samba e da bossa nova.
Os Afro-Sambas – Baden Powell e Vinicius de Moraes (1966)
Os Afro-Sambas é um encontro genial entre o violão virtuoso de Baden Powell e a poesia de Vinicius de Moraes, com forte influência das tradições afro-brasileiras. “Canto de Ossanha” é um clássico, com sua percussão marcante e o violão inconfundível de Baden, e “Berimbau” segue a mesma linha, com uma força rítmica poderosa.
O disco foi pioneiro ao misturar ritmos de candomblé e samba, explorando temas da cultura afro-brasileira de forma profunda e inovadora. Ele marcou a MPB com sua combinação de misticismo, musicalidade e poesia.
Roberto Carlos em Ritmo de Aventura – Roberto Carlos (1967)
Roberto Carlos em Ritmo de Aventura é um álbum icônico da Jovem Guarda, com Roberto no auge de sua fase roqueira. “Eu Sou Terrível” é aquela faixa cheia de atitude, um rock’n’roll com riffs marcantes e uma pegada jovem e rebelde.
“Como É Grande o Meu Amor Por Você” é o lado mais romântico de Roberto, uma balada que até hoje é trilha sonora de muitas histórias de amor. O disco, que foi trilha sonora de um filme homônimo, consolidou Roberto Carlos como o “rei” da música jovem no Brasil e é um marco na cultura pop dos anos 60.
Anos 1970
Nos anos 1970, a música brasileira viveu um momento de transformação, misturando experimentação e resistência em plena ditadura militar. A MPB se manteve como um espaço de crítica e reflexão, mas o rock nacional começou a ganhar mais força, enquanto o samba também se renovava.
Artistas como Raul Seixas e Gilberto Gil traziam elementos psicodélicos, o tropicalismo deixava seu legado, e gêneros como o samba-funk e o soul brasileiro começavam a aparecer. Foi uma década cheia de ritmos diferentes, mas com uma coisa em comum: a vontade de experimentar e buscar novas formas de expressão.
Krig-ha, Bandolo! – Raul Seixas (1973)
Krig-ha, Bandolo! é puro Raul Seixas, cheio de irreverência e filosofia. A faixa “Metamorfose Ambulante” virou um hino de liberdade individual, onde Raul canta sobre a mudança constante como uma forma de vida.
“Ouro de Tolo” é outra pérola, uma crítica afiada à busca por sucesso material, com uma pegada sarcástica que só Raul sabia fazer. O disco trouxe uma nova cara para o rock brasileiro, misturando Elvis Presley, esoterismo e uma boa dose de contestação social, transformando Raul Seixas no “Maluco Beleza” que todos conhecem.
Fruto Proibido – Rita Lee & Tutti-Frutti (1975)
Fruto Proibido é puro rock e atitude. Rita Lee, agora em carreira solo, abraça o rock com todas as suas forças ao lado da banda Tutti-Frutti. “Agora Só Falta Você” é cheia de energia, um hino sobre independência e autoconfiança, enquanto “Ovelha Negra” é a canção de quem não se encaixa nos padrões, se tornando um verdadeiro manifesto para os “rebeldes” da época. Esse disco consolidou Rita como a rainha do rock brasileiro e foi um marco na música da década, trazendo um som mais pesado e uma nova voz feminina para o cenário nacional.
Estudando o Samba – Tom Zé (1976)
Estudando o Samba é um dos discos mais geniais e, ao mesmo tempo, mais inusitados da música brasileira. Tom Zé pega o samba, desconstrói tudo e reconstrói de um jeito completamente novo.
“Tô” e “Mã” são exemplos perfeitos dessa mistura de sons, ritmos e ironia, onde o samba vira quase uma experiência de vanguarda. O disco passou meio despercebido na época, mas foi redescoberto anos depois e virou referência pela sua ousadia. Tom Zé mostrou que era possível fazer samba de um jeito completamente experimental, sem perder a essência brasileira.
Anos 1980
A música brasileira nos anos 1980 foi marcada por uma explosão de diversidade, refletindo um Brasil em transição, saindo da ditadura militar e caminhando rumo à redemocratização. O rock brasileiro se consolidou com bandas como Legião Urbana, Paralamas e Titãs, trazendo letras carregadas de crítica social.
Ao mesmo tempo, a MPB seguia forte, com artistas como Djavan e Caetano Veloso explorando novos sons e estéticas. Também foi uma época em que o pop e a música eletrônica ganharam força, e gêneros como o samba e o brega foram repaginados. Era uma década cheia de contrastes: da rebeldia do rock à sofisticação da MPB, com todo mundo buscando se reinventar.
Luz – Djavan (1980)
Luz é um dos álbuns mais refinados de Djavan, onde ele mistura MPB, jazz, soul e ritmos africanos de forma super fluida. “Samurai” é uma das faixas mais conhecidas, com seu groove envolvente e participação especial de Stevie Wonder na gaita, mostrando como Djavan estava conectado com o som internacional da época.
“Sina” também se destaca, com uma melodia irresistível e letra cheia de poesia. Luz consolidou Djavan como um dos maiores compositores e intérpretes do Brasil, marcando uma nova fase da MPB com sua sofisticação e sutileza sonora.
Escândalo – Ângela Ro Ro (1981)
Ângela Ro Ro sempre foi intensa, e em Escândalo, ela não decepciona. Com sua voz rouca e apaixonada, ela canta sobre amores tumultuados e desilusões. A faixa “Escândalo” é um grito de liberdade emocional, cheia de drama e sinceridade.
Já “Fogueira” é um samba canção poderoso, onde Ângela esbanja sua veia romântica e visceral. Esse álbum reforça seu estilo autêntico e sem filtros, sendo uma peça importante para a música brasileira dos anos 80, especialmente por sua abordagem crua e sincera sobre o amor e a dor.
Cabeça Dinossauro – Titãs (1986)
Cabeça Dinossauro é o álbum mais explosivo dos Titãs. É punk, é rock, é raivoso, e é genial. Canções como “Polícia” e “Bichos Escrotos” são pura rebeldia, com letras que questionam o sistema, a repressão policial e as convenções sociais.
O disco é cru, direto e cheio de atitude, representando o grito de uma juventude inconformada com o status quo. Cabeça Dinossauro virou um marco do rock brasileiro, ajudando a definir o som da década e a consolidar os Titãs como uma das bandas mais influentes da cena musical do país.
Anos 1990
Os anos 1990 foram uma década de reinvenção para a música brasileira. O rock nacional, que havia dominado os anos 80, continuava forte, mas agora surgiam novas misturas, com influências de reggae, rap, e até eletrônica. O pop brasileiro também ganhava mais espaço, e artistas como Marisa Monte e Skank consolidavam suas carreiras com um som que dialogava com o pop internacional.
Ao mesmo tempo, a cena alternativa explodia com bandas como Planet Hemp, que traziam críticas sociais e uma sonoridade mais pesada. A década foi marcada por essa diversidade musical e a consolidação de novos gêneros como o manguebeat e o rap nacional, além de parcerias e encontros inesquecíveis entre grandes nomes da MPB.
Mais – Marisa Monte (1991)
Mais é o disco que colocou Marisa Monte no topo da música brasileira. A mistura de pop, MPB e uma pitada de samba fez com que o álbum conquistasse fãs de todos os gostos. “Beija Eu” é um dos grandes destaques, uma canção delicada e ao mesmo tempo cheia de swing, que virou um dos maiores sucessos da sua carreira.
Já “Ainda Lembro”, parceria com Nando Reis, traz aquela melancolia gostosa, com uma letra que fala de amor e saudade. O álbum mostrou o lado mais pop de Marisa, sem perder a qualidade musical, e se tornou um marco da MPB dos anos 90.
Usuário – Planet Hemp (1995)
Usuário é como um soco na cara, cheio de atitude e crítica social. Planet Hemp chegou com tudo, misturando rap, rock, hardcore e reggae, e ainda levantando a bandeira pela legalização da maconha em pleno governo conservador. “Mantenha o Respeito” é uma das faixas mais icônicas, com uma batida pesada e uma letra que desafia a hipocrisia do sistema. “Legalize Já” é praticamente o manifesto da banda, que virou hino de uma geração. O álbum foi controverso, mas trouxe uma nova sonoridade e abriu espaço para o rap nacional crescer.
O Grande Encontro – Elba Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho (1996)
O Grande Encontro é pura celebração da música nordestina. Esse álbum reuniu quatro gigantes da MPB e foi uma verdadeira viagem pelas tradições do forró, do xote e da MPB com aquele toque único de cada artista.
“Anunciação”, com Alceu Valença, é uma das canções mais celebradas, trazendo aquela alegria contagiante típica dos shows ao vivo. Já “Chão de Giz”, com Zé Ramalho, é pura poesia e emoção, com uma interpretação que arrepia. O disco é importante por valorizar as raízes nordestinas e mostrar que esses grandes nomes ainda tinham muito a oferecer juntos.
Lado B Lado A – O Rappa (1999)
Lado B Lado A é um álbum pesado, no melhor sentido da palavra, tanto pelas letras como pelo som. O Rappa trouxe uma fusão de rock, reggae, rap e música eletrônica, sempre com uma pegada de protesto social.
“Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero)” é um clássico, com sua letra forte e crítica à violência nas favelas, e “Me Deixa” tem aquela energia rebelde que virou um hino de resistência. O disco é fundamental por trazer uma reflexão sobre a realidade brasileira e conectar isso com uma musicalidade rica e diversa, fechando os anos 90 com força total.
Anos 2000
Nos anos 2000, a música brasileira entrou numa nova fase, misturando ainda mais os gêneros e explorando as fronteiras entre o popular e o alternativo. O rap ganhou mais força e se consolidou como voz das periferias, enquanto o samba e a MPB continuavam a se reinventar, agora com uma pegada mais contemporânea. Foi uma década em que os acústicos fizeram sucesso e o indie brasileiro começou a se destacar, com bandas como Los Hermanos ganhando espaço. Além disso, novos artistas surgiram, trazendo influências de música eletrônica, reggae, soul, e criando uma MPB moderna e cheia de personalidade.
Acústico MTV – Cássia Eller (2001)
O Acústico MTV da Cássia Eller é simplesmente inesquecível. Ela trouxe uma mistura incrível de rock, MPB e aquele jeito intenso de interpretar cada canção. “Malandragem” é, claro, um dos grandes momentos do álbum, com Cássia dando toda a sua alma àquela letra já clássica de Cazuza.
Outra que marcou muito foi a versão de “Por Enquanto”, da Legião Urbana, que ficou linda na voz dela. O disco todo tem uma pegada mais crua, intimista, mas cheio de energia ao mesmo tempo. Foi um dos maiores sucessos da série Acústico MTV e consolidou Cássia como uma das maiores vozes da música brasileira.
Cru – Seu Jorge (2004)
Cru é exatamente o que o nome sugere: um álbum simples, direto e cheio de verdade. Seu Jorge trouxe uma sonoridade mais despojada, com muita influência do samba e da MPB, mas também com uma pitada de blues e soul. “Tive Razão” é uma das faixas mais marcantes, com aquele swing que só Seu Jorge sabe fazer, enquanto “Bem Querer” tem uma vibe mais romântica e introspectiva.
Esse disco mostrou o lado mais minimalista do artista, sem grandes produções, mas com uma autenticidade que conquistou o público tanto no Brasil quanto no exterior. Foi um grande passo na carreira dele e abriu caminho para uma carreira internacional.
Vagarosa – Céu (2009)
Vagarosa é pura viagem. A Céu trouxe um som super tranquilo, com influências de reggae, dub, samba e uma pitada de soul. “Cangote” é aquele tipo de música que você ouve e já se imagina deitado numa rede, com o ritmo suave e a voz doce da Céu te embalando.
“Bubuia” é outra que se destaca, com uma batida lenta e envolvente, cheia de camadas. O álbum tem uma pegada bem original, uma MPB moderna e cheia de groove, e consolidou a Céu como uma das vozes mais criativas da nova geração. Vagarosa é um convite pra desacelerar e curtir a música de forma mais sensorial.
Anos 2010
Nos anos 2010, a música brasileira foi marcada pela pluralidade e inovação. A mistura de gêneros se intensificou e novas vozes surgiram com força, abordando temas sociais, políticos e existenciais. O rap se consolidou como um dos principais gêneros da década, com artistas como Criolo e Emicida à frente.
Ao mesmo tempo, o resgate das tradições culturais brasileiras ganhou novos contornos, com veteranos como Elza Soares e Dona Onete mostrando que ainda tinham muito a dizer. A música brasileira nesse período foi uma mescla de experimentação, resistência e, acima de tudo, transformação.
Metá Metá – Metá Metá (2011)
Metá Metá chegou como um furacão para quem curtia música experimental e brasileira de raiz. O trio formado por Juçara Marçal, Kiko Dinucci e Thiago França trouxe uma sonoridade completamente fora da caixinha, misturando samba, jazz, rock, e até música africana.
“Orunmilá” é uma das faixas mais poderosas, com uma carga espiritual forte e uma musicalidade que vai do suave ao intenso. “Mano Légua” também se destaca, com aquela guitarra crua e a voz rasgada de Juçara, criando uma atmosfera única. Esse álbum é pura ousadia e mostrou que a música brasileira podia ir além dos limites convencionais, com experimentações que mexem tanto com o corpo quanto com a mente.
A Mulher do Fim do Mundo – Elza Soares (2015)
Quando A Mulher do Fim do Mundo saiu, Elza Soares provou que a rainha do samba também podia ser a rainha da resistência. Aos 85 anos, ela lançou um álbum revolucionário, que mistura samba com rock, punk e música eletrônica, e fala sem medo de temas pesados como violência, racismo e empoderamento feminino.
“Maria da Vila Matilde” é um grito de guerra contra a violência doméstica, com uma letra feroz e direta. Já “A Mulher do Fim do Mundo”, que dá nome ao álbum, é uma poesia sobre sobrevivência, dor e força. Elza mostrou que estava mais relevante do que nunca e que ainda tinha muito a dizer sobre o Brasil e o mundo.
Banzeiro – Dona Onete (2016)
Banzeiro é um banho de cultura paraense com o toque irreverente e sensual de Dona Onete. Com sua voz marcante e suas letras cheias de malícia, ela trouxe o carimbó e o ritmo amazônico para o Brasil inteiro. “Banzeiro” é a faixa título e também um dos maiores sucessos, com uma batida contagiante que te faz querer dançar de imediato.
Outra música que se destaca é “No Meio do Pitiú”, cheia de referências à cultura e à culinária amazônica, mostrando o poder da sua regionalidade. Dona Onete, já na casa dos 70 anos, provou que a idade não é barreira pra quem quer botar todo mundo pra dançar com alegria e muito suingue.
Anos 2020
Os anos 2020 chegaram com uma explosão de criatividade e diversidade na música brasileira. As fronteiras entre os gêneros se desfizeram ainda mais, com a mistura de ritmos e influências se tornando a norma. As plataformas digitais mudaram a forma como os artistas se conectam com o público, e nomes que representam a nova geração, como Pabllo Vittar e Ludmilla, ganharam destaque.
A música sertaneja continuou sua ascensão, mas agora com um toque pop e mais acessível, enquanto o rap e a MPB também estavam em alta. Essa década se destaca pela inovação e pela luta por representatividade, com artistas trazendo suas histórias e identidades de forma autêntica e poderosa.
Patroas 35% – Marília Mendonça, Maiara & Maraísa (2021)
Patroas 35% é um verdadeiro fenômeno da música sertaneja. Marília Mendonça, Maiara & Maraísa se uniram para fazer um disco que fala sobre amor, dor e empoderamento feminino, tudo isso com aquele toque do sertanejo que a gente ama.
“Presepada” é uma faixa que combina humor e sinceridade, mostrando como as relações podem ser complicadas e divertidas ao mesmo tempo. Já “Música do Luan” traz uma letra cheia de paixão e desilusão, que ressoa com todo mundo que já teve um coração partido. Esse álbum não só celebrou o poder feminino na música, mas também trouxe uma nova leveza e humor ao sertanejo, fazendo com que mais pessoas se identificassem com as histórias contadas.
Batidão Tropical – Pabllo Vittar (2021)
Batidão Tropical é um convite à festa e à celebração da diversidade. Pabllo Vittar, sempre à frente de seu tempo, trouxe um álbum que mistura ritmos como pagode, funk e brega, mostrando toda sua versatilidade. “Zap Zum” é um dos grandes destaques, com uma batida contagiante que não deixa ninguém parado, e uma letra divertida que fala sobre encontros e desencontros.
“Ama Sofre Chora” traz um tom mais emocional, com uma pegada de brega e uma letra que reflete sobre o amor e a saudade. O álbum consolidou Pabllo como uma das maiores artistas do Brasil, celebrando a alegria, a liberdade e a diversidade de forma única e vibrante.
Caju – Liniker (2024)
Caju é uma verdadeira celebração da autenticidade e da diversidade. Liniker trouxe um álbum que é puro afeto, com letras que falam sobre amor, identidade e pertencimento. “Caju” é a faixa título e uma das mais emocionantes, com uma sonoridade que mistura elementos de soul, MPB e funk, criando uma atmosfera íntima e acolhedora.
“Bacana” é outra música que brilha, com um ritmo dançante e uma letra que exalta a beleza da vida e das relações. Liniker se firmou como uma das vozes mais poderosas da nova música brasileira, usando sua arte para falar de amor, resistência e a importância de ser quem você é, tudo isso com uma musicalidade de tirar o fôlego.
E aí, agora deu pra perceber por que esses são os melhores álbuns brasileiros de todos os tempos? E olha que faltou muita gente nesse conteúdo. O importante é saber que a música brasileira continuará sempre viva, se reinventando e sorte a nossa de poder ouvir tudo isso!
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